23 de fevereiro de 2011

Essa Moça ta Diferente - Chico Buarque


Essa Moça ta Diferente - Chico Buarque

Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frente
Está me passando pra trás
Essa moça tá decidida
A se supermodernizar
Ela só samba escondida
Que é pra ninguém reparar
Eu cultivo rosas e rimas
Achando que é muito bom
Ela me olha de cima
E vai desinventar o som
Faço-lhe um concerto de flauta
E não lhe desperto emoção
Ela quer ver o astronauta
Descer na televisão
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Que ela só me guarda despeito
Que ela só me guarda desdém
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Se do lado esquerdo do peito
No fundo, ela ainda me quer bem
Essa moça tá diferente (etc.)
Essa moça é a tal da janela
Que eu me cansei de cantar
E agora está só na dela
Botando só pra quebrar

17 de fevereiro de 2011

Ou me quer - Caio Fernando Abreu

"Ou me quer e vem, ou não me quer e não vem. Mas me diga logo pra que eu possa desocupar o coração. Avisei que não dou mais nenhum sinal de vida, e não darei. Não é mais possível. Não vou me alimentar de ilusões. Prefiro reconhecer com o máximo de tranquilidade possível que estou só do que ficar à mercê de visitas adiadas e encontros transferidos..." (Caio Fernando Abreu)

10 de fevereiro de 2011

O Amor, quando se revela - Fernando Pessoa

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…


(Fernando Pessoa)

6 de fevereiro de 2011

Onde você vê - Fernando Pessoa





Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."


(Fernando Pessoa)

4 de fevereiro de 2011

Quase Sem Querer - Maria Gadú


Quase Sem Querer - Maria Gadú
Composição: Renato Russo / Dado Villa-lobos / Renato Rocha

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
Ainda estou confuso só que agora é diferente
Tô tão tranquilo e tão contente

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria era provar pra todo mundo
Que eu não precisava provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços pra você juntar
E queria sempre achar explicação pra o que eu sentia
Como um anjo caído fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira

Mas, não sou mais tão criança
A ponto de saber tudo

Já não me preocupo seu eu não sei por que
Ás vezes o que eu vejo quase ninguém vê
Eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente um dos Deuses mais lindos
Sei que ás vezes uso palavras repetidas
Mas, quais são as palavras que nunca são ditas?

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como te quero tanto

Já não me preocupo seu eu não sei por que
Ás vezes o que eu vejo quase ninguém vê
Eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você

A versão que mais gosto desta música é esta, da Maria Gadú.

2 de fevereiro de 2011

A História de Lily Braun - Maria Gadú


A História de Lily Braun - Maria Gadú
Composição: Chico Buarque e Edu Lobo

Como num romance
O homem dos meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom

Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão
Foi desde então ficando flou

Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues

Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris

E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turnê

Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar

Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz
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Adicionado em: 02/02/2011 às 17:06 (18:06 Horário de Verão).

Bônus: Versão Maria Rita.


Face a Face - Mariana Varandas


Sempre que penso em te deixar, o mundo chove. A natureza entristece e o amor lamenta minha impaciência. O céu derrama a sua tristeza e o frio é glacial. O frio é dentro e o frio é fora. As músicas se fazem em arranjos tristes e a voz lenta e baixa emudece em pausas, morre de vida demais. É como se os anjos estivessem lutando para que eu não me desistisse. O mundo chora, eu impotência. E os rostos, os rostos encaram com os olhos juízes; cobram as promessas que o vento não é nunca capaz de entregar. Sempre que eu penso em te deixar, a sua existência é aqui. E é só aí que aparece a tua face: na face do abandono.

Texto retirado do blog Ladainha com Chucrute. Enviado por Mariana Varandas para MPBTrechos@gmail.com

1 de fevereiro de 2011

Sei lá.

Não adianta o que você faça de bom: O ruim sempre prevalecerá!
Você pode passar uma vida inteira andando no "bom caminho", sem beber, sem fumar, sem usar drogas, fazendo trabalho voluntário, respeitando pai e mãe... Mas pisa na bola uma só vez. O mundo se voltará contra você e não adianta você ter feito tudo certo anteriormente, aquele erro é fatal. Esse erro age como uma borracha temporal, apagando todas as coisas boas que você já fez e deixando apenas aquele erro cravando na sua história.
Por outro lado, se você sempre foi uma pessoa ruim, tratando mau todos ao seu redor, sempre que fizer algo de bom irão lhe recompensar com enormes sorrisos e palavras carinhosas.

Ai eu me pergunto: Porque vivemos em um mundo assim? É melhor andar "fora da linha" ou ser uma "boa pessoa" e correr o risco de decepcionar a todos?
Vínicius e Toquinho tinham razão quando escreveram "Sei lá... A vida tem sempre razão"!